Transition Bandit em análiseA irmã mais nova da
Transition Covert é uma recente adição à linha da marca norte-americana
Transition e, apesar dos seus 130 mm de
curso, não descura a filosofia da marca que sempre nos brindou com bicicletas vocacionadas para as descidas e diversão.
Quando falamos no segmento
Trail, a primeira coisa que nos vem à cabeça são bicicletas de 12 kg com quadros pouco resistentes e
vocacionados para a eficácia a pedalar, incapazes de suportar o abuso constante que um
rider mais agressivo possa dar. Como tal,
este nicho do mercado é mais procurado por praticantes de
cross-country que querem uma bicicleta leve que permita pedalar em trilhos
mais técnicos e mais desafiantes.
A
Transition vem definitivamente mudar as regras do jogo, materializando uma bicicleta leve, ágil e extremamente resistente, que
consegue envergonhar algumas bicicletas com mais uma polegada de curso quando chega a hora de descer.
A primeira sensação quando nos sentamos aos comandos da Bandit é de imediata habituação e conforto. O guiador Crank Brothers Cobalt de 720 mm com pouca elevação tem a largura ideal para este tipo de bicicletas. Tem um ligeiro recuo que permite uma posição de braços extremamente natural e oferece um bom nível de conforto. O avanço Thomson de 70 mm dispensa apresentações. Oferece uma melhor distribuição do peso do corpo sobre a bicicleta e é fundamental para aquelas subidas mais técnicas mantendo sempre a frente colada no chão. Contudo o selim Transition é algo desconfortável e com a utilização ganhou uma ligeira folga no encaixe dos rails. A sua troca no futuro é inevitável.
Para começar a subir podemos bloquear a Fox Float e activar o Propedal do Fox RP23. Mesmo com o Propedal desligado a progressividade inicial do curso do amortecedor ajuda a manter o bombear num mínimo aceitável. O reduzido peso da bicicleta torna-a uma flecha nas subidas e faz-nos desejar subidas mais técnicas e mais inclinadas. Os pneus Maxxis Crossmark 2.1 fazem pouco atrito a rolar e permitem reduzir o esforço do piloto. O seu baixo perfil é suficiente para agarrar o terreno mesmo com o piso mais húmido.
O quadro de alumínio hidroformado apresenta tubagens com uma espessura interna generosa, rolamentos e pivots respeitosos, e bastantes elementos maquinados. Todos estes factores são cruciais para um bom comportamento no terreno e longevidade do material, no entanto aumentam significativamente o peso, sendo que, com 3,1 kg com amorecedor, este é um dos quadros mais pesados do segmento. A Transition compensou este facto com as rodas Crank Brothers Cobalt, que pesam uns impressionantes 1500g, baixando o peso do conjunto para uns apetitosos 11,66 kg sem pedais. Esta escolha de rodas é discutível, pois enquadram-se na gama de XC da Crank Brothers e poderão comprometer a longevidade do conjunto. Mas se inicialmente desconfiamos, rapidamente nos apaixonamos pela sua rigidez e estética. A verdade é que estas rodas, tal como o quadro, praticamente não têm torção lateral. Basta apontar para uma linha e manter a confiança que esta bicicleta vai chegar ao fim a uma velocidade difícil de acreditar para este curso e peso. A suspensão traseira torna-se linear quando chega a cerca de um terço do curso do Fox RP23, dando a impressão de que estamos a andar numa bicicleta com 150 mm de curso, mantendo a roda bastante colada ao chão. Apesar de ser fácil esgotar o curso, quase não nos damos conta quando isto acontece. A recuperação em final de curso é mais rápida e devolve rapidamente a estabilidade após um salto ou um drop em que a recepção seja mais desajeitada.
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Na frente, a
Fox 32 Float com 140 mm de curso foi outra agradável surpresa. A sensibilidade inicial desta suspensão justifica o porquê da
Vanila ter sido descontinuada. Em zonas mais acidentadas nota-se alguma trepidação, no entanto em todas as outras situações a leitura
do terreno em nada deixa a desejar. Apresenta um funcionamente linear e suave ao longo de todo o curso, oferecendo um controlo
inesperado até a passar em zonas rochosas onde uma suspensão a ar costuma vacilar. A diferença poderá residir no acabamento da
suspensão (ambas as suspensões têm
Kashima), no entanto é difícil fazer comparações sem testar a actual suspensão sem
Kashima.
Não foi possível testar ao máximo a torção desta suspensão porque verificámos que os pneus
Maxxis Crossmark não são capazes de
levar esta bicicleta ao extremo nas curvas e nas travagens. Este é o principal ponto negativo da bicicleta. Uns pneus com outro perfil
lateral, como por exemplo os
Maxxis High Roller, provavelmente revelariam uma outra aptidão para devorar curvas que é tão característica
nas
Transition, dada a baixa altura do eixo pedaleiro.
| A transmissão Sram X0 funciona na perfeição. Extremamente silenciosa e precisa, dispensa a utilização de qualquer tipo de tensor de corrente. A relação 24/38 na pedaleira e 11-36 na cassete (10 velocidades) é a ideal para esta bicicleta. Oferece relações suficientes para qualquer situação. O prato de 38 dentes é pesado para algumas situações, por isso, estranhamente, vamos encontrar-nos a utilizar o prato de 24 com alguma frequência. A pedaleira em carbono absorve as mudanças de prato e ajuda a tornar a condução mais confortável. Poderia ser melhor se tivesse um perfil mais protegido, porque os cranques riscam-se com facilidade e isso não é nada agradável numa peça deste preço.
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Os travões também pertencem ao grupo
X0 da
Sram e oferecem toda a potência necessária, mesmo com os discos de 165 mm. A manete
em carbono tem um tacto agradável e nunca é necessário mais que um dedo para travar. No entanto estes travões parecem ser
frágeis e sente-se alguma torção na manete quando se aplica mais força com o dedo. É preciso ser-se cuidadoso para não travar em
demasia porque estes travões tornam-se muito bruscos quando a manete está mais próxima do punho.
O que gostámos:-Apoios para instalação do cabo de um espigão telescópico e apoios para guia de corrente.
-Rigidez estrutural e robustez do quadro.
-Peso e agilidade.
-Estética, atenção ao detalhe e acabamentos.
-Funcionamento da transmissão a roçar a perfeição.
O que não gostámos:-O selim não se enquadra na gama da bicicleta.
-Pneus comprometem a personalidade da bicicleta e o seu comportamento a descer e escorregam demasiado a descer em piso molhado.
-Cranques da pedaleira riscam-se facilmente.
-O preço é proibitivo para um comum mortal.
Classificação 6polegadasQuadro Relação Preço/Qualidade Equipamento Comportamento a subir Comportamento a descer Maneabilidade/Controlo Conforto Estética e acabamentos
Valor Global | 4 4 5 5 3,5 4 4 4,5
4,25 |
Nota: Estes valores são atribuídos considerando a globalidade de bicicletas de Trail, Enduro e All-Mountain.A
Bandit vai deixar saudades entre nós. É uma bicicleta que traz um novo gozo aos trilhos que tão bem conhecemos e a sua agilidade
leva-nos a explorar novas linhas e a pedalar mais para atingir maiores velocidades. Dá mais gozo nas subidas e obriga-nos a
abrandar um pouco e trabalhar mais nas zonas mais técnicas e assustadoras. Tem todos os ângulos de uma verdadeira endureira e como
tal transmite confiança para passar em todo o lado.
Para quem pretende gastar menos dinheiro, existe um modelo por 2.990€ que já oferece um bom nível de equipamento.
Lista de componentes
Quadro Suspensão Amortecedor Pedaleira Avanço Guiador Caixa de direcção Travões Pneus Pedais Espigão Selim Punhos Cassete Rodas Manetes das mudanças Desviador traseiro Desviador dianteiro Corrente | Transition Bandit 130 mm de curso em alumínio 6061 Fox 32 Float 140 RLC Fox RP23 BV Kashima SRAM X0 GXP 38/24 Thomson 70mm Crank Bros Cobalt 3 720mm FSA Gravity DX Pro SRAM X0 165 mm Maxxis Crossmark 2.1 Foldable (em tubeless) N/A Thomson Elite TBC Park N Ride Diamond Stitch ODI Ruffian SRAM PG-1070 10 velocidades 11-36 Crank Bros. Cobalt 3 SRAM X0 SRAM X0 SRAM X0 KMC X10.93 |
Peso final Peso do quadro Preço Preço do quadro Garantia Representante | 11.66 kg (tamanho M sem pedais) 3.1 kg (tamanho M com amortecedor) € 4.450,00 € 1.490,00 2 anos Justbikes |
Página do produto com a geometria e outras especificações aqui:
http://www.transitionbikes.com/Bikes_Bandit.cfm
Notas:Esta bicicleta foi testada durante o período de duas semanas em locais como Sintra, Monsanto, Jamor e PNSAC.
Um agradecimento especial à Justbikes, representante da
Transition em Portugal, por ter cedido a bicicleta para testes durante o período de duas semanas.
Sex Dez 30, 2011 12:09 pm por covas