Scott Genius 40 (2010)

Recentemente tenho passado algum tempo com a bicicleta do meu pai numa tentativa de obter melhor preparação fisica para o DH.

Trata-se de uma Scott Genius 40 de 2010 (Tamanho M) toda de origem. Excepção feita aos pneus (os Nobby Nic foram substituídos por um Intense System 5 (2.25, atrás) e um Intense Edge (2.35, frente)), ao espigão de selim (substituído por um CrankBrothers telescópico) e aos extensores de guiador (1,5cm de cada lado)

No papel
A Scott Genius de 2010 apresentava-se como uma bicicleta "faz de tudo um pouco, mas de forma esquisita", afirmação que vou fundamentar mais à frente no teste. 150mm de curso em ambas as rodas, peso inferior a 13kg, pullshock e bloqueio de amortecedor e suspensão no guiador e num só manípulo (TwinLock).

__Aspetos Importantes da Geometria__
Ângulo de direcção - 68,5º
Ângulo do tubo de selim - 73,5º (!!)
Geometria completa

De tudo isto o que mais salta à vista é o facto de termos uma bicicleta de 150mm com menos de 13kg. O que leva a várias deduções erradas. Primeiro, não se trata de uma bicicleta de all-mountain. Segundo, a geometria é um quebra cabeças para quem acha as descidas o ponto alto dos passeios de domingo. Terceiro, o pullshock associado à posição atrasada do mesmo, relativamente ao espigão de selim, é algo estranha ao inicio (e é o motivo para que a geometria requeira uma habituação).

Na garagem

A afinação do amortecedor é muito simples. Basta consultar a tabela que relaciona peso/pressão e em minutos temos o amortecedor a funcionar correctamente. De salientar que esta bicicleta ainda está equipada com o antigo Equalizer que requer pressões altíssimas e uma bomba especifica para atingir essas mesmas pressões. A suspensão (uma Fox 32 Talas) também é facilmente personalizavel.

Nos trilhos

A descer
Sem duvida que é que aqui que a bicicleta requer alguma habituação. O ângulo de selim deste quadro faz com que a distância avanço/selim aumente consideravelmente à medida que se sobe o espigão. Provocando ao mesmo tempo um efeito alavanca sobre o amortecedor uma vez que, a partir de certa altura, o nosso centro de gravidade, quando sentados, passa a estar atrás do amortecedor. Isto provoca alguma estranheza inicial, que requer uma abordagem diferente à posição na bicicleta durante as descidas. No entanto, ultrapassadas estas impressões iniciais, a bicicleta torna-se bastante divertida. Faz sentido fazer uma breve critica ao amortecedor, uma vez que é especifico deste quadro. Assim sendo, nota-se uma boa leitura das pequenas/médias irregularidades e em descidas normais nunca senti o fim de curso próximo. O ponto fraco do amortecedor revela-se em pancadas fortes e secas. Há um sensação de falta de absorção que me leva a pensar se realmente tenho 150mm de curso disponíveis, mas não é facilmente que se chega a este ponto. Só a notei um punhado de vezes e sempre a velocidades consideráveis (+30km/h) em desníveis sem recepção. Por outro lado, quando os saltos têm recepção temos a percepção de ter mais curso do que o anunciado e o pouco peso da bicicleta faz com que a mesma ganhe velocidade de forma eficaz.

A rolar/A subir
Juntei estes dois pontos porque é aqui que esta bicicleta se sente em casa. O TwinLock torna qualquer mudança de comportamento do amortecedor/suspensão uma brincadeira de miúdos. E permite adaptar a bicicleta a qualquer terreno em tempo record. Uma vez que toda a geometria também foi pensada para rolar a alta velocidade e vencer declives positivos rapidamente, é com facilidade que convertemos a energia mecânica aplicada nos pedais em energia cinética. Já dei por mim a acompanhar bicicletas rígidas em estrada com relativa facilidade.

Bottom Line
Sem duvida que esta bicicleta é para quem procura uma Maratonista Hardcore ou uma companheira para XC Agressivo. Para quem queira uma máquina de allmountain/enduro, existem opções muito mais acertadas.
Trata-se de uma bicicleta que sobe como as melhores da especialidade, mas que, ao mesmo tempo, desde muito melhor que as mesmas. Sem no entanto alguma vez se aproximar a uma bicicleta de 150mm dedicada a allmountain/enduro (mas, mais uma vez, as bicicletas de allmountain/enduro nunca conseguirão acompanhar esta máquina a subir e a comer kms)

bem...pelo vídeo levas isso mesmo ao limite. Boas unhexs

aí se o teu pai sabe...

Se fosse a ti começava a pensar em comprar uma coisa mais adequada para o que fazes senão vais dar um desgosto ao teu pai.

cableguy escreveu:

Se fosse a ti começava a pensar em comprar uma coisa mais adequada para o que fazes senão vais dar um desgosto ao teu pai.

ahah, eu sei que a bicicleta não é para este tipo de coisas, mas não é fácil resistir
quando as coisas ficam mais sérias tenho sempre a Flatline para me apoiar

Rocky Mountain Flatline WC

belo post e belo video! parabéns!

Já experimentei essa bike e não partilho da tua opinião em alguns pontos.
Não acho nada que a bike se adapte a maratonas, ou a XC, é uma bike que por natureza bombeia muito a pedalar (a não ser que se leve tudo trancado, mas para isso comprava-se uma rigida) e acho que ela está bem é em ambientes de Enduro, que não se tem de pedar muito (comparado com XC ou maratonas) e em que as subidas vão-se fazendo e as descidas são para "curtir".

Apesar de ter uma geometria parecida com a minha Stereo, prefiro o comportamento da Stereo. Não sei se aí o Fox Rp23 faça a diferença.

FrEaKZoIdE escreveu:

Já experimentei essa bike e não partilho da tua opinião em alguns pontos.
Não acho nada que a bike se adapte a maratonas, ou a XC, é uma bike que por natureza bombeia muito a pedalar (a não ser que se leve tudo trancado, mas para isso comprava-se uma rigida) e acho que ela está bem é em ambientes de Enduro, que não se tem de pedar muito (comparado com XC ou maratonas) e em que as subidas vão-se fazendo e as descidas são para "curtir".

Apesar de ter uma geometria parecida com a minha Stereo, prefiro o comportamento da Stereo. Não sei se aí o Fox Rp23 faça a diferença.

Sim, é certo que o amortecedor tem sensibilidade suficiente para bombear no modo "aberto". Mas experimente deixa-lo na posição intermédia ou mesmo bloqueado e a bicicleta transforma-se radicalmente. E quando digo que se adapta perfeitamente a maratonas/xc, refiro-me à facilidade com que se comem quilómetros com esta bicicleta (o que não é nada típico numa bicicleta de 150mm de curso). Talvez o meu ponto de vista também seja algo influenciado pelas minhas experiências anteriores. Sempre estive habituado a bicicletas de AllMountain/Enduro que já piscavam um olho ao Freeride, onde, em relação a esta Genius, se perde (muito) rendimento a subir. Se tiver oportunidade experimente uma bicicleta de 150/160 de curso mas mais robusta (Scott Ransom, GT Sanction, Mondraker Dune,...) e verá, claramente, que a Genius impõe ritmos muito mais fortes tanto a rolar como a subir (é certo que a descer também só as conseguirá acompanhar de Genius com um esforço extra).