Ora bem, vou tentar dar uma de escritor e expor o melhor que conseguir a minha experiencia até agora com a minha GT Sanction.
Antes de mais, a bicicleta não tem nada em comum com os modelos de fábrica a não ser o quadro. Por isso serve a presente análise para expor mais o comportamento da bicicleta como um todo e não a performance de determinado componente.
Breve lista de componentes:
- Quadro: GT Sanction Two w/ I-drive, curso 150mm, Tapered Headset
- Suspensão: Marzocchi Z1 2011, curso 150mm
- Amortecedor: Fox Triad, 190mm entre olhais
- Transmissão:
- Desviador Traseiro: Shimano XTR
- Desviador Dianteiro: Shimano Deore
- Manípulos: Shimano XT
- Travões: Avid Elixir 3
Este quadro veio substituir o meu antigo GT I-drive 5 de 2007, a filosofia é a mesma, apesar de se notar um serio melhoramento da geometria (altura do BB principalmente) e um incremento de curso (de 130mm passei para 150mm), conservando as dimensões do amortecedor.
No papel:
A bicicleta apresenta-se como o modelo de All Mountain da GT, capaz de enfrentar as maiores subidas e fluir nas descidas. Em termos de modelo está entre as Force e a Ruckus (acima das primeiras e abaixo da segunda). A nível de gama, apesar de não haver diferença de geometria ou material de construção, está na gama intermédia (acima da Sanction 3.0 e abaixo da 1.0).
Quanto à geometria podemos contar com um angulo de direção de 66º, angulo de selim de 71,7º, altura de pedaleiro de 350mm, e distância entre eixos de 1141mm.
No trilho:
- A SUBIR
A primeira impressão que temos quando nos sentamos na bicicleta é que, apesar de eu medir 1,72m e o quadro ser um M, é uma bicicleta bastante "curta". Esta característica torna a bicicleta perfeita para enfrentar aquelas trialeiras mais assustadoras mas em subidas longas somos obrigados a rolar a ritmos mais baixos. Mas é um bom compromisso, permite rolar sem qualquer entrave e quando as coisas se complicam certamente teremos mais facilidade em colocar a bicicleta exatamente onde queremos.
- A ROLAR
Rolar em estrada não é propriamente o seu habitat natural, nota-se alguma dificuldade em manter ritmos elevados. No entanto não podemos exigir mais, uma vez que o que esta bicicleta não quer são precisamente pisos pavimentados.
Por outro lado a rolar em terreno mais agreste, desde terra batida e pedra solta é bastante boa. Facilmente carregamos nos pedais e sentimos a bicicleta a progredir. Pode culpar-se também o sistema I-drive por esta boa prestação, evita o bombear excessivo mas amortece sempre que é preciso, tornando o trilho bastante mais confortável.
- A DESCER
Sem duvida o ponto forte desta bicicleta, sem no entanto ser brilhante. A curta distancia entre eixos e a reduzida dimensão das escoras (430mm) permitem ganhar velocidade em tempo record, no entanto manter essa velocidade já é outra história. Facilmente notamos o sacrifício da estabilidade para ganhar em agilidade. Em trilhos mais inclinados temos de ter atenção às linhas para não sermos apanhados de surpresa. O angulo de direção de 66º combinado com a altura, algo alta, do BB e o angulo de selim fazem com que facilmente surjam alguns sustos de "demasiado peso na roda da frente".
Na garagem:
A afinação das suspensões tem de ser algo cuidada. Costumo rolar com a suspensão dianteira algo mais dura precisamente para compensar a falta de pedigree de downhill. Acertar com a afinação do amortecedor é um quebra cabeças. Funcionando o sistema de amortecimento como um pivot simples temos um sistema mais linear do que progressivo. Assim, para quem queira extrair algo mais deste quadro nas descidas, um amortecedor com regulação de bottom out e imprescindível. Caso contrário é necessário um esforço extra para encontrar um compromisso entre sensibilidade e resistência ao esgotamento.
O que eu acho
Ok, depois de tudo isto deixo a minha opinião. Este quadro é um faz tudo sem ser brilhante em nada. A subir não é uma lebre mas safa-se, a descer penso que facilmente a GT poderia melhorar as prestações (talvez com a entrada dos Atherton haja alguma mudança) sem no entanto se recusar a nada, sejam saltos, raízes, etc.
Sendo eu um piloto algo exigente também talvez seja por isso que peço mais da bicicleta, mas há alguns detalhes que, na minha opinião, poderiam melhorar significativamente as prestações da bicicleta.
As minhas sugestões seriam:
- Aumentar o tamanho do amortecedor traseiro, mantendo o curso. Ou seja, passar o amortecedor de 190mm para 200mm. A afinação seria muito mais fácil, a resposta seria melhor e o aumento de peso não era significativo.
- Abrir o angulo de direção. Sem ser nada de muito drástico, um angulo de direção mais aberto traria mais confiança nas descidas sem prejudicar muito a subir.
- Mais opções de distância entre eixos. Pelo menos duas opções, assim a bicicleta seria mais adaptável ao estilo de condução de cada um.
Bottom Line
Bicicleta ideal para quem quer fazer de tudo um pouco. Para quem acha que a Force é demasiado acanhada e precisa de "algo mais". A bicicleta é muito divertida, sendo extremamente ágil e nunca se recusando a nenhum tipo de trilho.
Fotos:
GT Sanction Two 2011
GT Sanction Two 2011