Ena, mais uma bike... Xii, mais uma Remedy...
Pois é, a busca da bicla perfeita é mais complicada que a busca do Santo Graal.
Porquê trocar a Reign? Porque não? Queria algo mais polivalente, mais leve, menos curso, mais all day epic rides. O target era algo nos 3kg e 140-150mm curso. Inicialmente estava virado para a Yeti 575, mas o preço elevado e a geometria algo estranha causavam muitas dúvidas. Scott Genius, Zesty, Remedy (pré 2010), Stumpjumper eram conceitos que gostava. E sim, para mim, uma bicicleta também tem de ser bonita. É mais um factor a ter em conta.
Infelizmente a busca do quadro novo demorou mais tempo que previa inicialmente e acabei por perder o encontro do 6P.
Mas consegui encontrar o que queria. Uma bela Trek Remedy 8 de 2009. Bonitinha e com uma geometria spot on! Desde que saiu, gostei imediatamente do design deste quadro. Linhas fluidas, quase organicas, tubos gordinhos e bem deformados, tubo superior com muito sloping....
Curiosamente, esta é a minha segunda Trek, a primeira tinha sido uma Liquid (que não tinha deixado saudades) em 2004. Longe de mim dizer mal da bicla que o xor administrador tanto gosta, mas foi mesmo um erro de casting...
Primeiras impressões:A primeira surpresa foi a diferença de peso. Aproximadamente 700 gramas a menos em relação ao Reign. A nivel da qualidade da pintura, vi logo que a reign ia deixar saudades. Nada bate os anodizados e os da Giant são muito bons.
Estruturalmente, os pormenores são cuidados, belas soldaduras e design gráfico apelativo, mas continuo a não gostar muito do modo como a trek faz a zona do pivot principal (aliás, os problemas nessa zona já são quase históricos)...
Com o tubo de direcção cónico, decidi mudar a suspensão (Float RC2) também para este sistema . Pessoalmente, gosto deste conceito. Permite maior rigidez ao conjunto e a utilização de qualquer avanço existente no mercado.
Com o ganho de peso, decidi ser uns mãos largas e rever as suspensões a molas que já não usava desde 2004... A opção foi uma Van RC2, muito na moda actualmente. A conclusão é que... As suspensões a ar andam mesmo muito boas e a diferença é minima (principalmente na Wotan que foi talvez a mais linear que tive).
A passagem de cabos é normal, com a excepção da transição do triangulo dianteiro para o traseiro, onde os cabos se cruzam (desviador e travão traseiros) e todos os cabos têm de passar num curto espaçamento entre o tubo do selim e as bielas do movimento. A falta de espaço faz com que os cabos rocem no quadro, tornando obrigatório proteger o quadro e verificar bem o comportamento (posição) dos cabos ao longo do curso. Na primeira montagem dos cabos, consegui logo trilhar o cabo do Reverb...
O sistema ABP com o eixo é simples e permite uma montagem bastante fácil da roda traseira. Um ponto menos positivo, é o facto das escoras superiores, tão gordinhas que são, ficarem a escassos milimetros dos meus calcanhares e de vez em quando, lá vai um afagamento...
Equipamento:A montagem é similar à da Reign, pois a maioria do material migrou de uma para a outra. A saber:
Quadro: Trek Remedy 8 (M, modelo 2009)
Caixa de direcção: Cane Creek XXzs Tapered
Amortecedor: Fox RP23
Suspensão: Fox 36 VAN RC2
Rodas: Mavic Crossmax ST
Pneus: Continental Mountain King 2.4 Supersonic
Espigão de selim: Rock Shox Reverb
Selim: SDG Bel Air Ti
Avanço: Thomson X4 70mm
Guiador: Race Face Atlas
Punhos: ESI Chunky
Travões: Avid Juicy Carbon 203/180
Discos Travão: Magura SL
Desviador traseiro: SRAM X.0
Desviador dianteiro: Shimano XTR
Manipulos mudanças: SRAM X.0
Cabos mudanças: Gore Ride On
Pedaleira: Truvativ Stylo OCT 2.2 24/36
Bash: Race Face Atlas
Cassete: Shimano XT 11-32
Corrente: Shimano XT
Pedais: Shimano 959
Peso: 13Kg
Como novidades: a Van RC2 que não precisa de grandes comentários; As rodas Crossmax ST, leves e resistentes qb, apesar dos aros serem um pouco estreitos; Os punhos da moda, confortáveis, fáceis de montar, sem rodar com o uso e bling bling qb; E o espigão rock shox reverb, que como não havia nenhuma review no forum, dedico-lhe uma parte especifica, a ler mais abaixo.
Test ride:Com um quadro compacto, bastante rigido e com uma optima geometria, a remedy é muito equilibrada, manobrável e àgil.
Quando comparada com a Reign, nota-se imediatamente a diferença de peso e principalmente a distribuição deste. Este factor é maioritariamente notório a subir, onde a Remedy se porta muito bem. Apesar de ser menos hardcore, a Remedy transmite solidez, sem qualquer cedência do triângulo traseiro. As Crossmax ST por outro lado...
O comportamento a curvar é excelente. Mais rápida e manobrável que a Reign, ao inicio dava por mim a corrigir muitas vezes as trajectórias. Agora, creio ser mais rápido que antes.
A descer, não é um sofá como a Reign. Não pela falta de amortecimento, mas pelo caracter mais nervoso do próprio quadro. O amortecimento traseiro é muito activo e muito linear, bastante similar às FSR, mas no entanto achei-o um pouco saltitante, que me fez usar mais rebound que o normal.
Fruto da combinação do amortecedor de maior volume e do sistema full floater, os primeiros 2/3 do amortecedor são muito muito muito suaves e muito lineares, quase como uma mola, sendo depois a progressão normal de um amortecedor a ar.
Como desvantagem o amortecedor é muito suave e linear... Confuso? Pois, não se consegue ter nada perfeito. O que acontece é que a Trek favoreceu o comportamento no inicio de curso (que me parece a aposta correcta para este tipo de bicicleta), mas quando se abusa um pouco mais, o amortecedor “come” demasiado depressa o curso e este vai quase ao final. Se se aumentar a pressão, para corrigir isto, lá se vai o belo comportamento inicial...
Aqui, provavelmente, talvez se justificasse um amortecedor com uma camara menor, de modo a se ter maior progressividade. Fica para um tuning futuro.
De um modo geral, o Maestro da Reign tem um melhor comportamento e com menos influência na transmissão..
Como curiosidade, e descobri com a chuva que tem caido nos ultimos fim de semana por estas bandas, nunca tinha tido um quadro onde apanhasse tanta àgua vinda do pneu da frente como na Remedy... Isso ou ando a ficar muito caseiro e já nem me recordo... lol
ReverbDe um modo geral, gosto muito deste espigão. Eficaz, suave e de fácil accionamento. Comparando com o KS i950-R, o reverb é mais suave no movimento e necessita de menos força para o accionar. O lado negativo é o facto do Reverb possuir uma ligeira folga, coisa que no KS não existia. Nada de excessivo (ou comparável com os antigos joplin) e não se nota em andamento, mas não deixou de me surpreender pela negativa, tendo em conta que a Rock Shox afirmava que tinha estudado os espigões existentes no mercado para fazer o mais perfeito e funcional até à data....
Uma diferança para os outros espigões no mercado é o ajuste da velocidade do movimento. De fácil ajuste e com resultados notórios, mas é daquelas coisas que se faz uma vez na vida e é uma das razões pelo facto do remote ser tão volumoso.
O cabo (hidraulico) é estreito e bastante maleável, principalmente quando comparado com os espigões accionados por cabo, o que permite uma montagem simples, sem complicações e permite curvaturas mais apertadas. No entanto, este provavelmente precisa de ser cortado na maioria das bikes, devido ao comprimento (1300mm), mas é estupidamente fácil de encurtar (demora uns 2 minutos).
Deram bastante jeito os pequenos acessórios incluidos na caixa, para fixação do cabo, pois actualmente nenhuma bike (ou quase) tráz fixações para este. Sinal mais também para o kit de sangramento, incluido no pacote.
Não gostei tanto do manipulo. Ou melhor, gosto da parte de accionamento em si, mas a zona da braçadeira é grande e volumoso, restringido muito as zonas onde se pode colocar. Como o preferi montar do lado esquerdo (fica mais resguardado e o dedo esquerdo tem sempre menos para fazer), arranjar modo de o lá meter a jeito foi uma tarefa ardua. Tive de andar a jogar com a rotação e afastamento das manetes e shifters, até chegar a um compromisso viável.
A nivel de manutenção e problemas, como diria ceginho, a ver vamos... Pelo menos, a SRAM meteu uns videos no iutubi para ajudar.
A mudar:Meter umas fotos de jeito comigo a andar
Conclusão:Não apresentando o melhor sistema de amortecimento do mercado, encarna perfeitamente o conceito de all mountain numa bicicleta leve mas capaz, muito polivalente, que ataca descidas e subidas com igual facilidade e proporciona longas horas de divertimento e conforto. Parece-me que a Trek criou aqui um clássico e que com as mudanças pós 2010, a Remedy ficou num limbo entre carne e peixe (portanto delicias do mar?) e perdeu a capacidade do it all que tanto se procura no AM...
P.M.